Quando escrevo simplesmente
traduzo aquilo que a alma dita. Porque quando ela quer se expressar, não
existem muitos ouvintes disponíveis a ouvir. Não existe muita clareza no seu expressar.
Quando a alma começa a falar, muitas das vezes a gente sente sangrar, doer e
uma lágrima brota como forma de libertação de algo que estava preso dentro de
nós.
Como seria libertador se as almas
se comunicassem verbalmente! Assim, haveria trocas de sentimentos, de sabores,
de alegrias, e de dissabores também, por que não?Mas, a alma prefere escrever,
pelo menos a minha, no caso, talvez porque a folha de papel seja mais
compreensiva do que muitos humanos por aí, talvez pela facilidade de
acessibilidade, quem sabe?
Vivemos em um mundo onde
preferimos conversar sobre viagens, carros, bens, beleza, ganhar muito dinheiro,
fazer selfies, expondo as nossas caras felizes mostrando como estamos em forma
e quem sabe arrancar uns suspiros de alguém, quando na verdade estamos como
sepulcros caiados, belíssimos por fora e por dentro a alma está na UTI.
O diagnóstico diz que tudo começou
com o orgulho levando a alma a ficar insensível, perdendo seus movimentos,
sentimentos, e de repente só vive porque estão ligadas a um aparelho. Ficamos
robotizados e cada um procura um meio de expressar, de descarregar suas cargas almáticas.
Uns vão às redes sociais para destilarem os seus veneninhos, outros para mandarem
seus recadinhos a destinatários já cientes, outros para anunciar ao mundo que
sua vida amorosa, financeira vai bem, obrigada! Enquanto isso eu estou aqui,
escrevendo e a minha alma diz que é a hora de parar, porque é muito esforço
falar e se ouvir ao mesmo tempo.
Ana Paula
17/12/2015
0 comentários:
Postar um comentário